jeudi 30 mars 2017

Get up girl!
The sun might be
running the world!

dimanche 26 mars 2017










  1. coisas da vida
    vida das coisas
    tudo quebra
    tudo passa
    tudo farta 
    quase sempre
    as nossas palavras


  2. as nossas marcas




  3. prendre le large

samedi 25 mars 2017


Rui Veiga
Sobre um Poema

Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne,
sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue ...
ou sombra de sangue pelos canais do ser.

Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
- a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.
E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.
- Em baixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.
- E o poema faz-se contra o tempo e a carne.

Herberto Hélder

vendredi 24 mars 2017


flirting with the earth -
every night and morning,
the wrecked woman

mardi 21 mars 2017


au square -
les arbres dépecés
ressemblent à des totems

Palabras, Eduardo Seco
Os ventos sopram, num sussurro constante.
Os rios correm, em tumulto. Os mares agitam-se.
Nasce a areia, grão a grão e espalha-se árida,
seca e inóspita, numa incessante sedição.
Na ourela do mar, ondas turbulentas,
vêm lavá-la, feitas de espuma e água.
Colam-se-me às solas dos pés nus,
que mais parecem esponjas molhadas,
conchas esmigalhadas e insuaves;
dispersas em brancos e espessos montículos.
Avanço, lentamente, em direcção às dunas.
A cada passo que dou, uma areia fina e branca
flui e cobre os meus pés; fustiga-me o rosto e
adere à camada de suor que molha a minha pele.
Caminho pacientemente.
Não há maneira de escapar à Lei da areia
e à sua força destrutiva - move-se sem restrições!
Tudo dissolve e devora, indistintamente,
com os seus tentáculos macios.
E tudo deixa sem contornos.
Sinto a boca áspera e seca.  Sinto a areia

a fluir-me nas veias.

mercredi 15 mars 2017

En las noches claras

En las noches claras,
resuelvo el problema de la soledad del ser.
Invito a la luna y con mi sombra somos tres.

Gloria Fuertes


Hubertus Hamm

lundi 13 mars 2017

A l'aube

Les premiers bruits d'un matin de printemps
pénètrent l'obscurité de la chambre -
une voiture qui passe dans la rue,
les éboueurs et leur benne,
les oiseaux qui piaillent (un tout autre registre),
une autre voiture.

Plusieurs rais d'une lumière froide,
filtrés à travers les fissures régulières des volets roulants, se posent sur ta nuque  -
un désir me prend de te caresser,
dans ton sommeil.

La mémoire est exubérante comme un jardin.
Il y pousse des variétés extraordinaires de plantes rarissimes.
Des arbustes et des arbres tout de même.
Dans le refuge de ma mémoire,
là où je te garde, précieusement,
tu domines le paysage -
un arbre majestueux,
le plus beau,
le plus imposant -
Indestructible!

Kulturtava

vendredi 10 mars 2017

I Step Outside Myself

I step outside
myself, out of my eyes,
hands, mouth, outside
of myself I
step, a bundle
of goodness and godliness
that must make good
this devilry
that has happened.

Ingeborg Bachmann

C’était déjà Hier (Fragility) - © Lysiane Bourdon    
"Dedicada à arte, tenho descurado o meu lar. Não sou nada como mulher. (...) Tenho sido sempre acusada, pressionada e desprezada por causa disto por todos os que me cercam, a tal ponto que várias vezes encarei o suicídio."

Sujita Hisajo (1890-1946)


Longe da vista das flores -
ao despir-me, algumas alças
pegam-se ao meu corpo.


Escrito em 1919. Na altura, Kyoshi Takahama referiu que aqui estava  um haiku que nenhum homem podia imitar.

jeudi 9 mars 2017

mardi 7 mars 2017

"After a certain age people do have a pattern that's theirs, and there's little that can be done about it." (...) "I'm deeply passive. And yet inside there is some mechanism that ticks away and tells me what is the right thing to do. I always seem to preserve myself in some way. But in a very circular manner."

in The Counterlife, Philip Roth



White Circle, 1969, Jiro Yoshihara

dimanche 5 mars 2017

La béatitude est sottement stérile.
Seule la rage te fera pondre
ton petit chef d'oeuvre quotidien.

vendredi 3 mars 2017

arroz amor atum
E o amor?.. Flashbacks!
Ela não é perfeita para mim, eu não sou perfeito para ela, mas o amor tudo resolve… As pontes de Madison County, E tudo o vento levou, Casablanca, Um eléctrico chamado desejo, O último tango em Paris, O advogado do diabo, Cantando sob a chuva, Os garotos da minha vida, Lembra-te de mim, Diário de uma paixão, Um dia, Ironias do amor, Crepúsculo, À prova de fogo, Amor e outras drogas, o ABC do Amor…Alguns clássicos!..
E o amor?.. Sobrestimado!
“Bioquimicamente é como comer grandes doses de chocolate! "
"Francamente, minha querida, eu não estou nem aí! Eu não quero precisar de você… porque não posso ter você! "
"Não há nada entre nós, nunca houve nada entre nós, apenas ar! "
"Você encontra milhares de pessoas e nenhuma delas te toca, e então encontra uma pessoa, e a sua vida muda. Para sempre!"
"Às vezes amamos tanto uma pessoa, que fingimos não sentir. Porque se percebêssemos o tamanho deste amor, isto poderia matar-nos."
"O que quer que você faça na vida, será insignificante. Mas é muito importante que faça, porquê ninguém mais fará."
"Como quando alguém entra na sua vida e metade de você diz: "você não está preparado". Mas a outra metade diz: "torne-a sua para sempre!".
"E se escolhesse ficar com ela, sabendo os riscos, tudo o que podia fazer era dar-lhe amor e respeito. E ver como a história acabaria…"
"Não sou ninguém importante, apenas um homem comum, com pensamentos comuns. Levo uma vida comum. Meu nome logo será esquecido. Mas numa coisa, eu obtive sucesso como ninguém jamais obteve. Amei alguém de coração e alma. E isso sempre foi o bastante para mim."
""E então o leão se apaixona pelo cordeiro. Que cordeiro estúpido! Que leão doente e masoquista!"
"O que quer que aconteça amanhã, tivemos o hoje. E se nos encontrarmos no futuro. Não terá problemas. Seremos amigos. O que não te mata, deixa-te mais estranho!"
"É difícil demonstrar amor quando você não sente motivação. Mas, amor no sentido mais verdadeiro, não se baseia em sensações, mas na determinação de agir com consideração, mesmo quando parece não haver recompensa."
"O amor não tem a ver com palavras idiotas, mas com grandes gestos. O amor tem a ver com faixas sobrevoando estádios, pedidos em telões, palavras gigantescas no céu. O amor é ir além das forças, ainda que machuque. Liberar os sentimentos. O amor é achar dentro de si uma coragem que nem sabia que existia."
"Agradeci o silêncio daquela noite… percebi que o amor não segue expectativas, seu mistério é puro e absoluto.”

atum amor arroz

mercredi 1 mars 2017

Micro-conto

A ULTIMA PARAGEM


Quase 21h00. Já é tarde e chove. O cansaço do dia adensa-se. Algo chocalha dentro de mim. Uma peça solta que teima em emperrar a engrenagem automatizada da máquina humana em que me tornei. Atravesso o aeroporto a correr. A minha única determinação é apanhar o autocarro 21 das 21h00. Lá está ele em PAUSE. Parte dentro de 4 minutos. Mal entro, vejo o Miguel sentado à janela. "Bonjour Monsieur!". Um sorriso. Que bom cruzar-se com amigos sem marcar encontros. O Acaso sempre melhora a minha disposição! Consegue-se falar do que é importante num trajecto de 21 minutos ou lá perto. O Miguel sai em Diamant para apanhar o tram e eu vou até à última paragem. O senhor sentado à minha frente, vira-se, com ar inquieto, para mim e pergunta: "Brussels Center?"... Já há algumas paragens que é Brussels Center! "Where are you going Mr?"... O senhor repete: "Brussels Center?!" com ar preocupado e mostra-me o bilhete do autocarro. Sinto-me impotente. Pergunto ainda : "What place are you staying? Place? Adress? " O homem reage a esta última palavra. "Hotel de France". E eu a pensar onde raio ficará esse hotel? E como pode alguém achar que o autocarro 21 o vai depositar à porta do mesmo?! Ainda insisto e peço-lhe o endereço do hotel. Se tem uma reserva. Algo escrito. O senhor encolhe os ombros. Não percebe uma palavra do que lhe digo. Ao sair na última paragem chove a cântaros. O homem nem guarda-chuva tem. Aponto para os táxis. E digo "Táxis! Ask adress Hotel de France!" O senhor faz-me ok com o polegar. Sigo o meu caminho a pensar na fragilidade da condição humana e sinto um outro tipo de aperto no coração!..