jeudi 28 mai 2009

Ilha das brumas-
na linha de horizonte
o azul funde-se no verde

vendredi 22 mai 2009

Ao regar as hortênsias,
desalojei uma osga.
Não se queixou. So far!

jeudi 21 mai 2009

Ma voisine a des géraniums
en fleur.
Moi, j'ai des cactus.
Outra queixa -
a pulseira muda de braço.
Os pulsos também já se queixam!

mercredi 20 mai 2009

Tenho 1 fecho éclair,
nas costas.
Aconteceu assim,
do dia para a noite.
Kafkiano!
La grand-mère porte l'enfant
par la main.
L'enfant porte des fleurs
à la main.

lundi 18 mai 2009

Queixamo-nos do mundo,
mas como pode o mundo
queixar-se de nós?

Amores perfeitos
de olhos fixos, em mim,
cujos amores são imperfeitos.

jeudi 14 mai 2009

Lilases -
de súbito, no square,
a fragrância doce da infância.

Amanhece, no square.
Eu correndo, o melro saltitando
e o gato olhando, incrédulo.

Amanhece, no square.
Eu, o melro, o gato
e a carrinha do pão.

Amanhece, no square.
Eu , o melro, o gato
e o barulho do trolley,
no pavimento.

Amanhece, no square.
Eu, no banco de jardim
e os corredores
que madrugaram.

Tulipas, no square.
Apetece-me beber
uma taça de champagne.

Rue des Patriotes -
estou n'1 tela de Magritte,
a Lua rendilhada pelos ramos da árvore
pendurada n'1 céu azul petróleo.

Avenue du Fléau d'Armes.
Comme ce pays a été marqué
par la guerre!

mardi 12 mai 2009

Nem a tábua de engomar
sonhava acabar os seus dias
na faixa de rodagem

Estranha sensação -
a minha vida
e a Lei do Pêndulo

Condenado a vagabundear,
obstinadamente -
o nómada

Tal 1 nómada -
procuro a senda
da minha errática caravana

Tornou-se imperativo -
o silêncio.
Mulher esvozeando no telemóvel.

dimanche 10 mai 2009

Maré vasa -
alinhamento de paus e cordas.
A nau partiu.

vendredi 8 mai 2009

Na vida
é frequente confundir-se
a fome com a sede

jeudi 7 mai 2009

Primavera-
papoilas viçosas
à beira da auto-estrada

Primavera-
rododendros floridos
num dia cinzento

Podaram as ervas altas-
agora, mais parecem
tufos de cabelo

Escaqueirou-se
o vaso de porcelana -
missão impossível:
colar os bocados!

Primavera -
dos plátanos
cai uma chuva de flores

Primavera -
flores de azálea
pisadas no chão

nem o par de sapatos
sonhava acabar os seus dias
na paragem de autocarro

Primavera -
homem jovem pedindo esmola
à porta do metro

Bambús de estufa -
não têm que se dobrar
ao vento

Quero ver-te
antes que o cabelo
me chegue aos joelhos!

samedi 2 mai 2009

Jack Kerouac

The sky is still empty,
The rose is still
On the typewriter keys

In the sun
the butterfly wings
Like a church window

Take a cup of water
from the ocean
And there I am

You'd be surprised
how little I knew
Even up to yesterday