há palavras pujantes
há palavras assoberbantes
há palavras com rastilho
há palavras que fodem tudo
por onde passam
há palavras que são uma ordem
há palavras que são um imperativo
há palavras que não são de faiança
há palavras que escorregam
pela língua abaixo
há palavras que raspam o palato
e depois
há as palavras cagativas...
dimanche 28 février 2010
Jusqu'à ce qu'il disparaisse,
je regarde marcher un homme
dans la plaine nue.
Chiyo-ni (1703-1775)
Un chien fixe du regard
un autre chien,
loin dans les champs déserts.
Les lauriers-tulipiers
gonflés
comme des seins.
Midorijo Abé (1886-1980)
Je me range dans
la foule des hommes grossiers
puant la sueur.
Ce grand tournesol aussi
ne court plus
après le soleil.
Shizunojo Takeshita (1887-1951)
je regarde marcher un homme
dans la plaine nue.
Chiyo-ni (1703-1775)
Un chien fixe du regard
un autre chien,
loin dans les champs déserts.
Les lauriers-tulipiers
gonflés
comme des seins.
Midorijo Abé (1886-1980)
Je me range dans
la foule des hommes grossiers
puant la sueur.
Ce grand tournesol aussi
ne court plus
après le soleil.
Shizunojo Takeshita (1887-1951)
samedi 27 février 2010
Para o Rogério
sentados a uma mesa
e impotentes
esta tormenta passa
mas outra virá
salto para 4646 -
a tormenta na minha vida
é quando eu quero!..
e impotentes
esta tormenta passa
mas outra virá
salto para 4646 -
a tormenta na minha vida
é quando eu quero!..
Pour Myra
anch'io voglio
voglio voglio
e non voglio più
e voglio di più
e dopo non so mai
che cosa voglio
voglio voglio
e non voglio più
e voglio di più
e dopo non so mai
che cosa voglio
jeudi 25 février 2010
mercredi 24 février 2010
lundi 22 février 2010
dimanche 21 février 2010
samedi 20 février 2010
Luska
Era uma vez uma minúscula princesa caprichosa e mimada. Seus pais já sobejamente irritados e ultrajados com birras e exigências diárias, impuseram-lhe um castigo proeminente: proibição absoluta de usar o telemóvel e o pc portátil por tempo indeterminado. Luska, nascida na era da comunicação e das novas tecnologias ficou reduzida ao silêncio mais torturadoramente absoluto. Foi perdendo os amigos que estranharam o seu repentino e total silêncio. Ficou em reclusão absoluta, incomunicável. A cólera e a raiva toldaram-lhe o espírito. A barreira entre si e o mundo era intransponível e deixava-a fora de si. Foi então que começou a escrever nas paredes do palácio, um bunker fortificado. Primeiro, "gritou" a sua revolta surda, que ficou sem eco. Pois já todos sabiam que era uma rebelde e o seu próprio séquito deixara de lhe prestar atenção. Luska estava cada vez mais isolada e só paulatinamente percebeu, às suas expensas, que a revolta não paga dividendos. Começou então a escrever palavras soltas nas paredes do palácio. Palavras luxuosas. Palavras únicas. Palavras suas. Luska sabia agora que já não lhe restava um único amigo no mundo real. Perdida em pensamentos sombrios e resignados - o silêncio parecia ser agora o seu aliado na surda resignação. Alheada de tudo e todos, escreveu um dia uma última palavra que abriu, instantaneamente, uma brecha na cerca do palácio. Luska sedenta de liberdade fugiu.
vendredi 19 février 2010
mercredi 17 février 2010
mardi 16 février 2010
aimer...
aimer forniquer
poursuivre cette part de toi que je contiens ...
l'étreinte de tes doigts
la puissance de tes reins
la force de ton désir
la caresse de ta langue
la chaleur de ta bouche
poursuivre cette part de moi que tu contiens...
aimer copuler
la dureté de ta chair
la rudesse de ta peau mate
l'emprise de ta mâchoire
la rondeur de tes fesses
la roideur de ton sexe
aimer goûter tous les jus de ton corps
et te faire goûter tous les jus de mon corps
aimer...
poursuivre cette part de nous....
poursuivre cette part de toi que je contiens ...
l'étreinte de tes doigts
la puissance de tes reins
la force de ton désir
la caresse de ta langue
la chaleur de ta bouche
poursuivre cette part de moi que tu contiens...
aimer copuler
la dureté de ta chair
la rudesse de ta peau mate
l'emprise de ta mâchoire
la rondeur de tes fesses
la roideur de ton sexe
aimer goûter tous les jus de ton corps
et te faire goûter tous les jus de mon corps
aimer...
poursuivre cette part de nous....
dimanche 14 février 2010
Bela Adormecida
Sou a Bela Adormecida. Mandam-me dormir para as necessidades do filme. E eu durmo. Depois, nem sei bem como é que acordo!...
samedi 13 février 2010
World Haiku 2010 Nº 6
Lucília Saraiva - Portugal
Sou a mão que apanha
as pétalas caídas
no chão
Je suis la main
qui ramasse les pétales tombées
par terre
Uma ampulheta
bloqueia-me
o cérebro
Un sablier
me bloque
le cerveau
E ainda eu com o nome de Cydney Robbins (USA) !!!!
que não vai perceber como é que os meus haikus lhe foram atríbuidos e os dele sonegados
Na linha de horizonte
penduro cuecas e meias -
penso na vida
Tenho de descer
da nuvem -
as nuvens chovem!
Não sei quem deve ficar mais aborrecido se eu cujos haikus foram atríbuidos erroneamente a este senhor, se este senhor que nem vê os seus haikus publicados!!! Pois é... já nem os japoneses são infalíveis !!!...
Leonilda Alfarrobinha - Portugal
praia matinal -
tempos distantes regressam
no cheiro das algas
espantalho ao vento
num campo de girassóis -
pardais sobre os ombros
laranjal -
a minha infância
neste aroma familiar
Casimiro de Brito - Portugal
O Norte e o Sul,
o Ocidente, o Oriente -
só a ti seguirei
Ouço as tuas lágrimas -
música do mundo caindo
na minha boca
Amar-te, beber-te
ou, pelo menos, ser a tua
sombra
David Rodrigues - Portugal
como uma mão
a brisa passa pelas ervas -
pêlo de gato
um caranguejo
caminha no olho do golfinho -
chuva de Inverno
borboletas
pousam à vez no piano -
tarde dourada
Sou a mão que apanha
as pétalas caídas
no chão
Je suis la main
qui ramasse les pétales tombées
par terre
Uma ampulheta
bloqueia-me
o cérebro
Un sablier
me bloque
le cerveau
E ainda eu com o nome de Cydney Robbins (USA) !!!!
que não vai perceber como é que os meus haikus lhe foram atríbuidos e os dele sonegados
Na linha de horizonte
penduro cuecas e meias -
penso na vida
Tenho de descer
da nuvem -
as nuvens chovem!
Não sei quem deve ficar mais aborrecido se eu cujos haikus foram atríbuidos erroneamente a este senhor, se este senhor que nem vê os seus haikus publicados!!! Pois é... já nem os japoneses são infalíveis !!!...
Leonilda Alfarrobinha - Portugal
praia matinal -
tempos distantes regressam
no cheiro das algas
espantalho ao vento
num campo de girassóis -
pardais sobre os ombros
laranjal -
a minha infância
neste aroma familiar
Casimiro de Brito - Portugal
O Norte e o Sul,
o Ocidente, o Oriente -
só a ti seguirei
Ouço as tuas lágrimas -
música do mundo caindo
na minha boca
Amar-te, beber-te
ou, pelo menos, ser a tua
sombra
David Rodrigues - Portugal
como uma mão
a brisa passa pelas ervas -
pêlo de gato
um caranguejo
caminha no olho do golfinho -
chuva de Inverno
borboletas
pousam à vez no piano -
tarde dourada
vendredi 12 février 2010
mercredi 10 février 2010
mardi 9 février 2010
dimanche 7 février 2010
vendredi 5 février 2010
Algo
Quero algo porque
nada
é pior que algo
que não seja bom
nada
é estagnação
logo
quero algo porque
nada
é pior...
nada
é pior que algo
que não seja bom
nada
é estagnação
logo
quero algo porque
nada
é pior...
Isto não é um micro-conto
"Enterrada viva em crime de honra
TURQUIA Uma jovem de 16 anos foi enterrada viva pela sua família, num crime de honra no Sudeste da Anatólia. O corpo foi encontrado na propriedade da família: a jovem estava sentada, de mãos atadas e a autópsia revelou terra nos pulmões e estômago. O pai e o avô foram presos, mas recusam falar."
Diário de Notícias, sexta-feira 5 de Fevereiro de 2010
TURQUIA Uma jovem de 16 anos foi enterrada viva pela sua família, num crime de honra no Sudeste da Anatólia. O corpo foi encontrado na propriedade da família: a jovem estava sentada, de mãos atadas e a autópsia revelou terra nos pulmões e estômago. O pai e o avô foram presos, mas recusam falar."
Diário de Notícias, sexta-feira 5 de Fevereiro de 2010
lundi 1 février 2010
Fluidez
Dormi mal na noite passada. Oiço agora estuporadamente os dois velhos e à medida que se vão perdendo em infindáveis explanações e a parte vou-me afundando na cadeira. Dou por mim a imaginá-los em criança, de farda, nos bancos de uma escola pública salazarista ou de um colégio de jesuítas. Depois, na mocidade portuguesa. Pátria Família Trabalho. Sim. À minha frente, estão os verdadeiros pater familias polidos e indisfarçadamente perorantes. O ruído mecânico do aparelho de aquecimento sobrepõe-se à linha sonora contínua que quase me embala. Vou ouvindo bocejante as banalidades comezinhas da sua vida de reformados de longa data. O bafo quente do aparelho acentua o meu torpor. o velho apoplético lava agora a roupa suja. O outro ouve impávido com um sorrisinho indelével, de menino de coro, nos lábios finos. Eu sou o elemento exótico a impressionar. ("Comment peut-on être Persan?" Montaigne ou Montesquieu? Tendo para o segundo, mas a minha memória tem agora falhas sistémicas). Pátria Trabalho Família. Não se ofende?! "Olhe que aqui a Doutora está com pressa!"... Boa estratégia de fuga!... Inesperadamente, porém, reacende-se a brasa do inócuo discurso. "Vá lá que a Doutora quer-se ir embora!" ... Irritação. O bafo de calor artificial provoca-me agora desconforto e irritação. Uma quase náusea por overdose de palavras. Dói-me o crânio onde jaz uma pergunta sempre insidiosa: "Como é que se pode ser Português?"...
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