samedi 20 février 2010

Luska

Era uma vez uma minúscula princesa caprichosa e mimada. Seus pais já sobejamente irritados e ultrajados com birras e exigências diárias, impuseram-lhe um castigo proeminente: proibição absoluta de usar o telemóvel e o pc portátil por tempo indeterminado. Luska, nascida na era da comunicação e das novas tecnologias ficou reduzida ao silêncio mais torturadoramente absoluto. Foi perdendo os amigos que estranharam o seu repentino e total silêncio. Ficou em reclusão absoluta, incomunicável. A cólera e a raiva toldaram-lhe o espírito. A barreira entre si e o mundo era intransponível e deixava-a fora de si. Foi então que começou a escrever nas paredes do palácio, um bunker fortificado. Primeiro, "gritou" a sua revolta surda, que ficou sem eco. Pois já todos sabiam que era uma rebelde e o seu próprio séquito deixara de lhe prestar atenção. Luska estava cada vez mais isolada e só paulatinamente percebeu, às suas expensas, que a revolta não paga dividendos. Começou então a escrever palavras soltas nas paredes do palácio. Palavras luxuosas. Palavras únicas. Palavras suas. Luska sabia agora que já não lhe restava um único amigo no mundo real. Perdida em pensamentos sombrios e resignados - o silêncio parecia ser agora o seu aliado na surda resignação. Alheada de tudo e todos, escreveu um dia uma última palavra que abriu, instantaneamente, uma brecha na cerca do palácio. Luska sedenta de liberdade fugiu.

2 commentaires:

myra a dit…

Luska fez bem...mas quem sabe alguem poderia ter-lhe dado um lapiz e uma folha de papel, poderia escrever como se fazia antes dos e-mails e etc.:)))
adorei o teu texto!!!
beijosssssssss

hfm a dit…

A liberdade da sabedoria num personagem que vai crescendo como as palavras. Belíssimo!