Lá fora -
um gato mia
desalmadamente!
Nem a tábua de engomar
sonhava acabar os seus dias
tombada no passeio.
O assobio inconfundível
do amolador -
o que há ainda para amolar?
Lua nova -
quase sumida
por uma palmeira.
Mesma hora.
Outro lugar -
mas também chove.
O mendigo lê o jornal,
pés descalços a apanhar sol -
na praceta da vila.
No lago -
peixes dourados abocanham.
Bocas quase humanas.
No horizonte -
um rio ou um mar?
Estendais nas varandas.
Nem a sapatilha
sonhava acabar os seus dias
na cidade dos coelhos.
2 commentaires:
Um gato em cio, lixo, um amolador, a chuva, a noite, a pobreza e o sonho. Muitas histórias foram-me contadas ao ler este conjunto de haikus.
Não será o (a) haijin mais do que um contador de histórias?
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