Vai cedo, Leonor, pela verdura,
Menos formosa e nada segura.
Ajusta, na face, a máscara,
E o desinfectante leva, nas mãos de prata.
Mais branca que a neve pura.
Já não aguenta tanta frescura!
Tapa com o lenço a garganta,
Cabelos de prata, no toucado,
Vai cedo, Leonor, pela verdura,
Tão desajeitada que o mundo espanta.
Segue as marcas do rebanho.
Tropeça aqui, estanca ali.
Mantém a distância de segurança.
Vai cedo, Leonor, pela verdura,
Menos formosa e nada segura,
Num rodopio de universal loucura.
Chove nela tanta desgraça tanta,
Que chega até a meter graça.
Profere surdos impropérios.
Vai cedo, Leonor, pela verdura,
Gregária e nada segura,
Nesta pandemónica conjuntura!
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