samedi 5 octobre 2019

O vagar

Élixir da loucura,
deixa-me como vês,
cantar o que bem quiser
sem instrumento a acompanhar.

Espanto-me, mais que muito,
qualquer que seja o lugar -
tudo é desordem, caos,
incompreensão, anarquia.

O medo afigura-se-me eterno.
Servidão. Dor. Fúria.
Discórdia. Miséria. Ira.
Inveja. Agressão. Maldade.

Chuvas funestas enlutam a terra.
Plantas venenosas inçam o chão.
Em que lugar corre ainda o mel?
Em que lugar crescem flores?


Brutos animais de rijos cornos.
Obedientes, soçobramos, sob o peso da canga.
Lavramos extensões de mar, sob inertes sombras, moventes brisas, como se fosse terra este ermo lugar.

Cruéis os deuses, bárbaros os homens.
Por todo o lado, há cobiça de mandar.
Já não há gosto na alegria, nem consolo no amor.
E também já não há engano na esperança.

Nada se espera dos tímidos amantes.
Em breve, secarão os rios e os campos.
Quiçá o cantar torne a marcha menos dura.
Oxalá não nos mate o frio que faz.






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