Os rios correm, em tumulto. Os mares agitam-se.
Nasce a areia, grão a grão e espalha-se árida,
seca e inóspita, numa incessante sedição.
Na ourela do mar, ondas turbulentas,
vêm lavá-la, feitas de espuma e água.
Colam-se-me às solas dos pés nus,
que mais parecem esponjas molhadas,
conchas esmigalhadas e insuaves;
dispersas em brancos e espessos montículos.
Avanço, lentamente, em direcção às dunas.
A cada passo que dou, uma areia fina e branca
flui e cobre os meus pés; fustiga-me o rosto e
adere à camada de suor que molha a minha pele.
Caminho pacientemente.
Não há maneira de escapar à Lei da areia
e à sua força destrutiva - move-se sem restrições!
Tudo dissolve e devora, indistintamente,
com os seus tentáculos macios.
E tudo deixa sem contornos.
Sinto a boca áspera e seca. Sinto a areia
a fluir-me nas veias.
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