lundi 9 janvier 2017

A hora do ano que eu gosto é o Verão. Mas os verões verdadeiros do Egipto  ou da Grécia - com o sol forte, com os triunfantes meios-dias , com as noites extenuantes de Agosto. Não posso dizer, porém, que trabalhe (artisticamente, quero dizer) mais no Verão.  Impressões dão-me muitas as formas e as sensações do Verão; mas não observei tê-las registado  ou tê-las traduzido directamente em trabalho literário. Digo directamente; porque as impressões artísticas permanecem muito tempo sem serem usadas, produzem outros pensamentos, amoldam-se outra vez  por novas influências, e quando se cristalizam  em palavras escritas, não é fácil  recordar qual foi a hora do pretexto original, de onde verdadeiramente as palavras escritas emanam.

in POEMAS E PROSAS, Konstandinos Kavafis, Relógio  D'Água

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