Os ventos sopram, num
sussurro constante.
Os rios correm, em
tumulto. Os mares agitam-se.
Nasce a areia, grão a
grão e espalha-se árida, 
seca e inóspita, numa
incessante sedição.
Na ourela do mar,
ondas turbulentas, 
feitas de espuma e
água,  vêm lavá-la.
Colam-se-me, às solas
dos pés nus,
que mais parecem
esponjas molhadas,  
conchas esmigalhadas e
insuaves;
dispersas em brancos e
espessos montículos. 
Avanço, lentamente, em
direcção às dunas.
A cada passo que dou, uma
areia fina e branca
flui e cobre os meus pés;
fustiga-me o rosto e 
adere à camada de suor
que molha a minha pele.
Caminho pacientemente.
Não há maneira de
escapar à Lei da areia
e à sua força
destrutiva - move-se sem restrições; 
tudo dissolve e devora,
indistintamente, 
com os seus tentáculos
macios. 
E tudo deixa sem
contornos.
Sinto a boca áspera e
seca. 
Sinto a areia a
fluir-me nas veias.
 
 
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