lundi 12 juillet 2010

Benzeduras, crucifixos e arames farpados

O jovem rapaz negro, sentado ao meu lado, desperta a minha atenção por arvorar dois brincos "ilhós", incrustados de diamantes que lhe colocam dois orifícios nos lobos das orelhas. Na descolagem, benze-se duas vezes, longamente, em gestos rápidos que procura disfarçar e beija igualmente, por duas vezes, um pequeno crucifixo agarrado a um fio de oiro que retira do peito e que volta a esconder sob o tecido leve da camisa.
Eu, entretanto, procuro no meu saco de viagem as pastilhas elásticas... que não encontro!
A meio da viagem, atravessamos uma zona de turbulência e o rapaz repete o ritual das benzeduras e dos beijos ao crucifixo de oiro... Sinto uma sensação de forte estranheza que roça uma quase indisfarçável irritação...
Aquando da aterragem, novas benzeduras e beijos ao crucifixo; eu, porém, deixei de procurar as pastilhas elásticas de que simplesmente me esqueci em casa...
Sinto-me agora franca e inexplicavelmente irritada!

1 commentaire:

myra a dit…

como te entendo....
beijos